O Inconsciente Teatral - Psicanálise e Teatro: Homologias - Antonio Quinet
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As elaborações e reflexões são fruto da prática do autor tanto como psicanalista quanto “ser-para-o-teatro” que exerce há mais de 15 anos como dramaturgo, diretor de teatro e, por vezes, ator. Quinet - um dos maiores nomes da psicanálise lacaniana no país - começou a fazer teatro e foi considerado um “herege” tanto pelo meio psicanalítico quanto pelo meio teatral. Na obra, o autor descreve a dificuldade que encontrou para que fosse aceito seu trabalho de transmissão da psicanálise pela via de teatro. Mas, ao longo destes anos, seus espetáculos lotam teatros no Brasil e em outras partes do mundo, tendo já encenado suas peças em Paris, Nova York, Londres e lançado seus livros de psicanalise em várias cidades do Brasil e do mundo.
Quinet desenvolve e demonstra amplamente a tese de que o Inconsciente é estruturado como um teatro. Ele mostra como Freud e Lacan utilizaram o teatro, respectivamente, para criar e renovar a psicanálise, com os conceitos de conflito, cena, catarse, tragédia (Édipo Rei e Antígona) e o ato do analista como uma representação teatral (semblante lacaniano). Assim, correlaciona a psicanálise e o teatro inspirado por essas duas práticas que trabalham com o “Inconsciente artista”: “Sim, não se trata apenas de teorias e sim de praxis. Drâma, que vem do grego, significa “ação” e se refere à arte de encenar um texto. Não é o que faz o analisante, como Freud logo percebeu ao dar o primeiro nome de “tratamento catártico” ao tratamento analítico? O analisante coloca em ação seu drama na cena analítica. O teatro, para Freud, é um tratamento por meio da dramatização. A psicanálise, por sua vez, permite encenar no divã o “teatro privado” de cada um”, conclui. Todo espetáculo é, em maior ou menor grau, uma encenação do Inconsciente. Assim como o sonho o teatro permite transgredir os limites da realidade, do tempo e do espaço e a cada pessoa ser o personagem que quiser e realizar até o impossível. A partir da psicanálise Quinet desvela os meandros da estrutura da arte teatral e o gozo do espectador, o laço social que estabelece, sua função política e sua relação com a pulsão sexual, a histeria, a poesia, a música e o corpo. Um tratado inédito que estava faltando
O livro é dividido em duas partes. A primeira é composta de textos sobre a relação da psicanálise com o teatro, estabelecendo relações sobre a teoria e conceito entre ambos. Na segunda parte, o autor apresenta suas peças de teatro, com reflexões suas e de comentadores sobre seu conteúdo, encenação e articulação com a psicanálise. Descreve o conjunto, peça por peça, na ordem da produção artística, na forma ensaística de um memorial para apontar o quê da psicanálise pretende transmitir em cada peça.
Em vinte capítulos, as teses do autor trazem um viés inovador na teoria e na prática da psicanálise. Para os leigos, amantes e estudiosos das artes cênicas este livro é uma porta de entrada na psicanálise - com seus conceitos, sua clínica e implicação nas artes - a partir do espetáculo teatral. Com linguagem leve e precisa, a obra pode ser lido na sequência ou de forma salteada, pois cada capítulo tem um enfoque que pode ser interpretado isoladamente. O leitor poderá fazer suas próprias articulações dos capítulos entre si.
“Minha experiência como analista e homem de teatro me fez perceber que o Inconsciente é teatral: composto por um texto, por cenas (sonhos e fantasias) e se manifesta no corpo falante e performático com sintomas e atuações. O teatro é o lugar do Inconsciente em Cena cujo espetáculo se acende no fulgor de um momento como um sonho, um lapso ou um chiste, para o gozo do espectador”